AMIGOS DA ALDEIA AFUKURI

Esta campanha irá auxiliar toda comunidade da aldeia para realizar um dos rituais tradicionais mais conhecidos no Território Indígena do Xingu: O ritual do Kuarup.

Este ritual é uma cerimônia para homenagear o falecido cacique da aldeia, Arifutua Tali Kuikuro, que fez sua passagem no ano de 2019.

Devido a pandemia, o ritual não foi realizado no ano de 2020, o que na cultura Kuikuro pode trazer consequências para a alma dele, para família e toda comunidade.

Por isso é de extrema importância a realização dessa cerimônia. Porém, também devido a pandemia, a comunidade não pode realizar suas atividades de etnoturismo e vivências na aldeia, o que impossibilita a geração de renda e, com isso, não há recursos na comunidade para realização desse ritual.

O cacique Arifutua, mais conhecido pela sua alegria e preocupação com o bem-estar da aldeia, é um dos fundadores desta comunidade junto com seu pai e outros membros da sua família.

A aldeia foi fundada em 1996, devido a busca de melhores condições de vida para sua família e por medo de perseguição de feiticeiros. Arifutua, pai de 2 filhos e 3 filhas, deixou um grande legado na aldeia, que com sua organização e direcionamento se tornou uma das aldeias modelo do Xingu, onde as famílias vivem com fartura, saúde e sem conflitos.

Sua partida deixou uma lacuna em toda aldeia, que aos poucos a comunidade tenta preencher. Na nossa crença, do Povo Kuikuro, sua alma ainda está entre a gente, esperando a realização desse ritual, para que com as rezas, cantos e cerimônias ele possa fazer sua passagem com segurança e alegria ao mundo dos espíritos, ao céu dos caciques. Onde grandes lideranças dos Povos Indígenas habitam com seus antepassados.

O ritual do Kuarup reúne todas as aldeias da região do Alto Xingu, das 9 etnias que habitam este território. A aldeia anfitriã assume a responsabilidade logística para atender e receber centenas de pessoas incluindo combustível e alimentação.

Para alimentação tradicional de todos os participantes, os “donos” do ritual precisam realizar grandes pescarias, devem ficar uma semana ou mais em acampamentos juntando muitos peixes para que o ritual seja farto. Essa busca por alimentos no rio Kuluene (afluente do rio Xingu), está cada vez mais difícil, devido ao desmatamento, pecuária e uso de agrotóxicos no entorno do território indígena, o que impacta em toda flora e fauna, diminuindo consideravelmente a biodiversidade do rio e floresta. Esses impactos ambientais afetam diretamente a vida de quem depende da floresta para sobreviver, fazendo com que tenham que ir cada vez mais longe atrás de alimentos, no caso, atrás de peixes.